Publicado por dtabach em
O alto preço e a escassez de terrenos no centro expandido de São Paulo provocou a verticalização de bairros inteiros. Lugares onde antes havia baixa densidade e ocupação predominantemente horizontal hoje estão tomados por torres de apartamentos ou de escritórios. Foi a maneira que o mercado imobiliário encontrou para viabilizar a oferta de novos imóveis em áreas com melhor infraestrutura urbana, diluindo o preço dos terrenos por mais unidades. É também por isso que apartamentos novos são geralmente menores que os antigos. É comum vermos, por exemplo, lançamentos de 4 dormitórios com menos área do que apartamentos de 3 dormitórios construídos 20 anos atrás.
Hoje, quem quiser morar nos bairros paulistanos mais valorizados, ou pode bancar uma mansão nas raras e caras zonas estritamente residenciais não verticalizadas dessas regiões, ou não terá como evitar as alegrias da vida em condomínio para estar perto de tudo que a metrópole oferece.
Mas há uma terceira possibilidade, frequentemente menosprezada por quem procura um novo lar: os diversos sobradinhos, frequentemente geminados, em terrenos pequenos, que escaparam do processo de verticalização da cidade nos melhores bairros paulistanos, que adquiriram características de uso misto, misturando moradias com comércio e serviços.
Não é uma opção para todo mundo: a oferta desse tipo de imóvel é baixa se comparada à de apartamentos. Eles geralmente são antigos e nem todo mundo tem a paciência ou o tempo necessário para uma reforma.
Mas o preço desses sobrados, somado ao custo de reforma, não raro é menor que o de apartamentos novos com área e localização semelhante. Isso abre a possibilidade de morar em espaços maiores, 100% personalizados e independentes, sem se comprometer com regulamentos e taxas de condomínio, que às vezes se equiparam ao valor de um aluguel.
Um argumento comum contra morar numa casa é a questão da segurança. Uma casa "no chão" é considerada mais vulnerável a invasões, pois os bandidos não precisariam driblar os porteiros e sistemas de segurança de condomínios. Como se sabe, isso dificulta, mas não impede. Cada vez mais se torna popular a modalidade de crime conhecida como "arrastão": quadrilhas armadas rendem o porteiro ou um morador no momento em que ele está entrando, e a partir daí as câmeras de segurança passam a favorecer os ladrões, que controlam todo o condomínio enquanto fazem a "limpeza" em diversos apartamentos de uma só vez.
Se investirmos o dinheiro economizado em taxas de condomínio para instalar sistemas de segurança numa casa, elas podem ficar tão protegidas quanto um apartamento. Com uma desvantagem um tanto macabra para os apartamentos: enquanto ladrões de condomínios costumam fazer reféns e pôr em risco a vida das pessoas, a maioria das invasões a casas acontecem quando os moradores estão ausentes. Antes, sistemas de segurança com câmeras e monitoramento remoto eram equipamentos caros, que só podiam ser bancados por condomínios, mas hoje eles são acessíveis também por uma única família ou pequena empresa.
Outro bom argumento para ser o proprietário único de um imóvel é a plena liberdade de escolha, tanto no uso quanto na comercialização. Se quiser, você pode, por exemplo, contratar um jardineiro ou cancelar o serviço de monitoramento eletrônico da sua casa sem consultar ninguém. Num condomínio essas decisões estão subordinadas à ditadura da maioria. Os custos de manutenção das áreas comuns são bancados por você, quer sejam usadas ou não. Se você é vegetariano e pratica natação, vai ter de bancar os custos da churrasqueira do espaço gourmet, assim como seu vizinho que adora picanha e não sabe nadar vai ter de bancar a manutenção da piscina.
Esta autonomia também é vantajosa na hora de vender um imóvel isolado, pois ele pode passar a ter um uso diferente. Um apartamento será sempre e somente usado para moradia, mesmo que a vocação da rua tenha mudado ao longo do tempo, como é comum observar em São Paulo. Quantas ruas você conhece que um dia foram tranquilas e perfeitas para morar e agora estão cheias de trânsito, barulho e multidões? Um sobrado pode ser transformado numa loja, clínica ou escritório, que costumam ter valores maiores que imóveis residenciais. Enquanto isso, um apartamento na mesma rua pode perder valor, pois embora o local tenha se tornado um bom ponto comercial, as condições de moradia se deterioraram.
Mesmo que a rua não mude de vocação, ainda é possível que você receba uma boa oferta de um incorporador, interessado apenas no terreno: ele vai demolir o seu sobrado e outros vizinhos para incorporar e construir dezenas de apartamentos no lugar!
Comentários
Li o seu artigo/troque seu ap por um sobrado...
Link permanente Publicado por Reynaldi Lorenz... (não verificado) em sab, 14/05/2011 - 17:03
Bacana o seu artigo...gostei e compartilho da mesma idéia...
não tem como comparar a privacidade de uma casa com ap...
com relação à segurança, hoje em São Paulo tudo é muito relativo
existem relatos de todos os tipos...estou pretendendo sair do ap. onde moro e mudar para
uma casa e depois fazer as adaptações necessárias para torná-la bem comfortável...
Quem sabe no futuro não façamos negócios...à propósito encontrei o seu site no colband
também estudei lá nos mesmos anos que vc de 1976 a1982...mais Bandeirantes que isso
impossível...
Abçs
Reynaldi
apelido Ducha...