Tumulto no centro

Foto: Terra

São Paulo - Um contingente de mil civis foi destacado pela Sociedade para reprimir com violência uma manifestação com a mesma quantidade de policiais que se concentravam pacificamente no Centro durante o final da tarde deste sábado.

Numa tentativa de dispersar os manifestantes, os civis formaram um miolo de isolamento na rua, forçando os policiais a se abrigarem ao redor. Segundo testemunhas, o tumulto foi iniciado quando um cidadão, de forma gratuita, começou a dar cabeçadas no cassetete de um dos manifestantes. "Meu cassetete ficou coberto de sangue", disse a vítima, que não quis se identificar por medo de represálias. Líderes da polícia relataram mais tarde que atenderam diversos casos de cassetetes fraturados.

Foi a primeira vez que a Sociedade colocou em ação seu pelotão especial treinado em artes marciais, utilizando táticas como se jogar ao chão e atingir os pés das vítimas com violentos golpes de cabeça ou exercer forte pressão com o pescoço por debaixo dos braços dos manifestantes.

Além de muitos dependentes de gás lacrimogêneo consumindo a droga a céu aberto, foram flagrados vários cidadãos portando câmeras e aparelhos celulares, deixando clara sua intenção de provocar baderna e vandalismo.

Ao final da manifestação, os civis sentaram-se nas calçadas, obrigando os policiais a aguardarem em pé por quase duas horas a chegada dos ônibus da PM. Mas antes que os policiais pudessem embarcar, os ônibus foram tomados por cerca de 260 civis, que exigiram ser levados – sem pagar passagem – a diversas delegacias da região, onde invadiram e ocuparam as celas até a manhã seguinte. "Perdi o Zorra Total", afirmou um dos carcereiros que foi obrigado a passar a noite na delegacia sem saber por que a punição lhe fora imposta.

Segundo estimativas oficiais, o saldo do conflito foi de dois civis e 5 policiais feridos, mas testemunhas estimam que o número de vítimas militares foi muito superior ao divulgado, em virtude da força desproporcional empregada pelo contingente civil contra os manifestantes. "Esses abusos cometidos pela Sociedade não vão nos intimidar", afirmou um representante dos policiais, que prometeu mobilizar um número ainda maior de participantes para o próximo protesto, marcado para o dia 13 de março no Largo da Batata.

O comando da Sociedade não quis se pronunciar sobre o ocorrido.

* Baseado em fatos reais.

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