Restauração de mural coroa reforma do prédio da FAU-USP

O mural, no estado em que se encontra hoje (foto: José Luis Fairbanks)

Depois de amargar por anos goteiras e infiltrações que o deixaram em estado lamentável,  o icônico prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP passa por um bom momento. Sua reforma, iniciada em 2013, foi finalmente concluída este ano.

Fotos e maquetes do prédio, um dos mais importantes de Vilanova Artigas, integram a exposição ‘América Latina em Construção - Arquitetura 1955-1980’, no MoMA em Nova York, em cartaz até 19 de julho.

E agora será restaurado o Mural Virado à Paulista, uma intervenção de alunos aprovada pelo próprio Artigas. Tive a satisfação de participar de sua  execução em 1983, quando conheci o artista Oscar Oiwa e o arquiteto José Luiz Fairbanks, criadores do painel, quando tínhamos 17 anos de idade, durante o primeiro ano do curso da FAU.

Honrando a intenção de Artigas, que desejava que o prédio fosse um templo da democracia, esta restauração também será democrática: estão convidados alunos e veteranos da FAU para participar dos trabalhos, sob coordenação dos autores, de 25 a 30 de julho.

Do site do IAB:

RESUMO EXECUTIVO

O painel Virado à Paulista foi concebido pelos então recém-chegados alunos da FAU José Luis Fairbanks e Oscar Oiwa, entre junho e dezembro de 1983, e executado com a colaboração de outros muitos alunos do 1° ano. A intervenção foi autorizada pelo próprio Artigas na época, que acompanhou sua execução e chegou a vê-lo pronto. Elogiou, na época, não somente a qualidade do trabalho como principalmente a iniciativa de intervenção no espaço do prédio. Hoje, é parte da paisagem da FAU e está incorporado ao seu patrimônio cultural arquitetônico.

O propósito agora é restaurar o painel, tendo em vista que as obras de recuperação da cobertura do prédio foram concluídas, mantendo-o na sua concepção original. A ideia partiu do artista plástico Oscar Oiwa e teve a imediata adesão do seu outro criador, o arq. José Luis Fairbanks.

A ideia é contar com a participação dos atuais alunos da FAU, coordenados pelos seus dois criadores – Oscar e José Luis – e o GFAU, ao qual caberá a organização dos trabalhos. Deverá ser executado no período de férias, entre 25 e 30 de JULHO de 2015 próximos.

HISTÓRICO

O painel foi uma iniciativa surgida originalmente como uma intervenção voluntária de seus criadores no espaço da FAU, mas que acabou servindo depois para cumprir trabalho da matéria da Profa. Dra. Renina Katz Pedreira, que foi docente da FAUUSP até 1988. A própria Profa. Renina havia dito que a intervenção deveria ser incorporada à paisagem da FAU.

Foi formada uma comissão interna entre os alunos do 1° ano da turma que acabara de ingressar na faculdade, naquele ano de 1983. Podia participar da comissão qualquer aluno da FAU, para apurar a intervenção ou não e, em uma segunda fase, aceitando sugestões e listas de arrecadação para a compra de material. Os alunos que demonstraram interesse, passaram a participar das discussões com a diretoria da FAU, o então Prof. Dr. Lúcio Grinover, que autorizou formalmente a intervenção em apresentação feita pela comissão.

Em uma terceira fase, foi traçado um cronograma de atividades, um quadro de revezamento entre os alunos que se inscreveram para executar o painel e, finalmente, a execução. Para executá-lo, foi feita uma maquete em base de cortiça no LAME, que foi fotografada e projetada à noite na parede. A partir da projeção, desenhou-se com giz na parede para, somente então, iniciar-se a pintura em si.

PARTIDO ARQUITETÔNICO

Foi votado que o tema seria a relação do espaço interno com o espaço urbano da USP uma vez que o prédio não possui aberturas para o exterior naquele pavimento.

A ideia de interagir com o espaço urbano levou os criadores Oscar e José Luis a “inverterem” os lados da parede, criando uma rotação onde a paisagem de São Paulo apareceria pelo lado “de fora” da parede.

Como o ponto de fuga era dinâmico por se tratar de uma rotação sobre o eixo mediano da parede, os criadores optaram por fazer uma maquete da metade externa com os volumes urbanos e uma inspiração na minimização do mapa da cidade de São Paulo, onde algumas das principais artérias aparecem, inclusive o Parque do Ibirapuera em destaque.

Uma vez que tratava-se de uma área muito grande proporcionalmente ao pavimento (19,50 x 3,00m) e cujo impacto seria certamente agressivo na monocromia interna do concreto, seus criadores se preocuparam com o matiz de cores a ser utilizado. A psicodinâmica das cores (as quais estudamos depois, com o Prof. Dr. Décio Pignatari) foi um elemento basal da criação e levou em consideração não somente a teoria da complementariedade das cores, como também o “peso” das cores no dia-a-dia do ambiente interno da FAU.

O relatório (datilografado!) que foi solicitado pelo Prof. Dr. Lúcio Grinover, embasava-se em tais elementos, está anexado a este – seção Anexos. Maiores detalhes a respeito das técnicas de execução pode-se obter na leitura do anexo em questão.

O centro da proposta do painel é trazer a paisagem urbana para dentro da FAU, num vice-versa que se complementam.

DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES

O quê?

Restaurar o Painel Virado à Paulista em seu partido original, devolvendo-o nas mesmas condições e partido arquitetônico original.

Quando?

Nas férias curriculares do meio do ano de 2015, mais especificamente entre os 25 e 30 de julho.
Total de dias necessários: 5 a 6 dias, 8 horas de trabalho diário (8:00 – 18:00).
Equipe de execução: total entre 12 a 15 pessoas (alunos e veteranos), sendo em média 7 a 8 pessoas por dia.

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES:

10 de fevereiro de 2015 – reunião com Profa. Dra. Maria Angela F. P. Leite (Diretora) Horrana (representante do GFAU), arq. José Luis Fairbanks e o artista plástico Oscar Oiwa (integrantes da comissão do painel). (feito)
Visita ao estúdio 1 e reunião sobre apoio técnico e logística com a arq. Paula Noia. – (feito)

25 de fevereiro de 2015 – reunião do Conselho. Envio da proposta derestauro.

Março de 2015 – aprovação ou não da proposta pelo Conselho Curador

Abril a junho de 2015 – planejamento e preparo da equipe de execução e agenda de revezamento (entre10 a 15 alunos) e de uma equipe dealunos para a vídeo-documentação.

25 a 30 de Julho de 2015 – EXECUÇÃO DO RESTAURO. Documentação e filmagem das atividades.

Final de julho de 2015 – documentação fotográfica e divulgação na imprensa.

Como?

As pessoas e equipes previamente montadas serão distribuídas no calendário para a execução. O Arq. José Luis Fairbanks, responsável pela administração de horários e participantes, material e equipamentos necessários, requisita que seja enviado email para jl@fairbanks.arq.brconfirmando a participação de cada voluntário.

A coordenação geral dos trabalhos será conduzida pelos ex-alunos e criadores José Luis Fairbanks e Oscar Oiwa. Já está formalizada a autorização por escrito para a execução do restauro, devidamente aprovada pelo Conselho Curador da FAU.

ORIGEM DOS RECURSOS NECESSÁRIOS

Os recursos materiais e equipamentos já estão à disposição na FAUUSP, cordialmente cedidos pela diretoria da FAU

 

Simulação de como ficará o mural após restauro, inserida numa foto da maquete do edifício (foto: Oscar Oiwa)

Maquete do prédio em exposição no MoMA - NY (foto: Oscar Oiwa)

Situação atual (foto: José Luis Fairbanks)

Situação atual (foto: José Luis Fairbanks)

Reportagem da revista Projeto nº 66 (agosto/1983)

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